Categoria: Artigos
Data: 24/05/2023
Sozinha

O saudoso pastor presbiteriano, Rev. Miguel Rizzo Jr., escreveu Sozinha, livro em que conta a história da conversão de um homem pela simples leitura das Escrituras.

A história da IPB, bem como a de outras denominações evangélicas tradicionais, registra diversos casos semelhantes. Um deles é a história de Sebastião Bueno de Freitas (1875-1948).

Sebastião era de família que ouviu o evangelho em Brotas, quando lá estiveram em diferentes ocasiões Ashbel Green Simonton, seu cunhado Alexander Latimer Blackford, George Whitehill Chamberlain e José Manuel da Conceição, ex-vigário da vara do Distrito de Brotas, primeiro sacerdote católico a abraçar o evangelho e ser ordenado pastor no Brasil, conhecido como o “padre protestante”.

O resultado da pregação do evangelho em Brotas foi animador. Em sua primeira fase encontram-se famílias como as dos Borges, Gouvêa, Mendonça, Gomes de Oliveira, Cerqueira Leite e outras. Foi ali organizada em 13 de novembro de 1865 a terceira e maior igreja presbiteriana no Brasil, após Rio de Janeiro (12 de janeiro de 1862) e São Paulo (5 de março de 1865).Sebastião nasceu dez anos depois.

Casado com Graciana Maria Olívia (1879–1959), Sebastião adquiriu terras no sertão de Borborema, para onde foram espantar onças, derrubar matas e plantar uma fazenda de café. Anos mais tarde, foi ali que Sebastião – lembrando-se certamente do evangelho ouvido em Brotas – teve a ideia de adquirir uma Bíblia. Sonho difícil de concretizar naquele tempo. Livros em geral e Bíblias em particular não se achavam tão facilmente quanto as onças pintadas.

O que pareceu uma óbvia solução passou pela cabeça do fazendeiro. Pedir uma Bíblia ao vigário que visitava a região periódica e regularmente. Isso feito, porém, o resultado demorou muito. Foi tanto que Sebastião se impacientou e apertou o vigário. De cara amarrada, o padre trouxe a Bíblia afinal. Sebastião estranhou a contrariedade do homem e o confrontou:

– Mas por que essa cara? O livro não é bom?

– É bom, resmungou o padre. Leia e siga.

Foi o que Sebastião fez. Em sua velha e histórica Bíblia pode-se ler ainda hoje:

“Sertãozinho, 21 de maio de 1933. Fiz minha profição de fé.” Segue a assinatura. O texto quase apagado foi reescrito para a posteridade pela filha Tunica, ainda com a grafia antiga.

A igreja presbiteriana mais próxima ficava em Sertãozinho, a 135 km de Borborema.

Sebastião fez mais do que plantar uma fazenda. Plantou uma igreja com seus familiares e outros convertidos. Na foto ao lado, Sebastião está sentado à frente, à esquerda, com filhos, genros e outros crentes.

A Escritura, proveniente de Deus, é “(...) útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda a boa obra” (2Tm 3.16).

Pelo poder do Espírito ela continua a fazer isso.

Mesmo sozinha.

Editorial

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Tags: historia IPB

Autor: Jornal Brasil Presbiteriano   |   Visualizações: 1843 pessoas
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